1911 – A OFENSIVA A TODO O CUSTO
Entusiasmado com as concepções estratégicas de Foch, o tenente-coronel Grandmaison apresentou pela primeira vez, em Fevereiro de 1911, as ideias mestras da doutrina da ofensiva a todo o custo (ofensive à outrance) no quadro de duas conferências proferidas no Centro de Altos Estudos Militares.
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EVOLUÇÃO DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO COMBATE
NO INÍCIO DO SÉCULO XX
Desde que o homem começou a utilizar a guerra como instrumento da política, não tem cessado de evoluir o peso e a preponderância relativa dos chamados Elementos Essenciais do Combate (EEC). São eles: o fogo, o choque, o movimento, a protecção e o comando/ligação.
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CHURCHILL E A ORGANIZAÇÃO DE UM
ESTADO-MAIOR NAVAL
Logo nos primeiros dias como 1.º Lorde do Almirantado, Winston Churchill distribuiu um extenso memorando, no qual, além de revelar os seus elevados conhecimentos de história do poder marítimo, expressava a premente necessidade de uma marinha moderna dispor de um Estado-Maior Naval.
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O ELOGIO DA DESOBEDIÊNCIA
Jellicoe possuía todos os atributos de Nelson, excepto um – falta-lhe por completo o grande dom da Insubordinação.
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NOVAS ARMAS E TECNOLOGIAS NAS VÉSPERAS DA 1.ª GUERRA MUNDIAL
Quando se discutia a importância das novas armas e tecnologias, não faltavam exemplos que sugeriam que os progressos alcançados tinham criado condições que perspectivavam um campo de batalha onde tudo parecia favorecer a adopção de uma atitude defensiva.
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A ARTE DA GUERRA NA ERA PÓS-NAPOLEÓNICA
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INFANTARIA LIGEIRA
Uma revolução na Rainha das Armas
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A MANOBRA DEFENSIVA BRITÂNICA
SUA INFLUÊNCIA NO EXÉRCITO PORTUGUÊS
Tendo emergido como grande potência naval na passagem do século XVI para o século XVII, a Grã-Bretanha organizou a defesa do seu território com base no poderio da sua esquadra. Dada a sua configuração insular, um potencial invasor sempre necessitaria de cruzar o mar para alcançar território britânico. Deste modo, garantindo o domínio dos mares circundantes, estava assegurada, à partida, a não-necessidade de um confronto terrestre. Esta realidade influenciou decisivamente a estruturação do Exército britânico, que, muito naturalmente, foi sendo concebido no pressuposto de vir a ser empregue, sobretudo, fora do espaço metropolitano, como força expedicionária.
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Maquiavel, Eisenhower e os Negociantes de Guerras
Chefes militares estrangeiros nos mais altos
postos das Forças Armadas de Portugal
Aspectos específicos no contexto europeu
DAS GUERRAS DE INTERVENÇÃO
Antoine-Henri Jomini
De todas as guerras que um Estado possa empreender, a mais conveniente e a que mais vantagens lhe proporciona é, sem dúvida, a guerra de intervenção num conflito que já está em curso. A explicação é fácil de compreender: um Estado que intervém deste modo coloca na balança todo o peso do seu poderio em conjunto com o da potência ao lado da qual se vai bater; faz a sua entrada na guerra quando assim o deseja e assim que se lhe depara o momento mais oportuno para proporcionar uma acção decisiva aos meios que decide empenhar.
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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO
Até à eclosão da Revolução Francesa, em 1789, não se considerava regra nem tradição dos exércitos europeus o recurso à conscrição geral. Os grandes exércitos da Renascença eram, pelo contrário, muitas vezes formados por combatentes “a soldo”, não raro mercenários estrangeiros que combatiam em todas as guerras que iam aparecendo.
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Razões para ler A ARTE DA GUERRA de Maquiavel
O cenário histórico que serve de suporte às críticas de Maquiavel na sua Arte da Guerra é o da Península Itálica do final do século XV e início do século XVI. Na sequência da invasão francesa de 1494, uma tremenda crise, militar e moral, instala-se na sociedade italiana, interrompendo um período de grande prosperidade e extraordinária notoriedade cultural.
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Jomini e Clausewitz
É geralmente aceite, sem controvérsias, que, na literatura militar que se produziu durante e após a Revolução Francesa e as campanhas napoleónicas, os nomes de Clausewitz e de Jomini se salientam claramente dos demais. Ambos os autores se preocuparam essencialmente com um tipo de guerra que envolveria um conjunto de potências europeias, fortemente armadas, que coexistiam no apertado espaço europeu, privilegiando uma visão da guerra marcadamente continental.
Ao longo do tempo, tem sido construída a ideia, quanto a nós errada, de que são antagónicos. Os investigadores que se têm dedicado ao estudo comparativo da obra dos dois celebrados autores têm, naturalmente, realçado sobretudo as diferenças de conceitos de um e outro, relegando para segundo plano as muitas questões em que ambos convergiam. É indiscutível que estamos perante duas sensibilidades diferentes no modo de encarar o fenómeno da guerra: um, Jomini, a tentar simplificar; outro, Clausewitz, a insistir na complexidade e na incerteza da guerra, considerando que a teoria é apenas uma forma de iluminar essa complexidade, mas não podendo servir para prescrever formas de acção. Depois, Clausewitz insistia na concepção essencialmente política da guerra, aproximando-se claramente do conceito expresso por Maquiavel. Neste último aspecto, o futuro deu razão a Clausewitz, porque mesmo no quadro de guerras assimétricas, como as que têm proliferado nas últimas décadas, a acção militar vem sendo cada vez mais manipulada por decisões políticas, situação diametralmente oposta ao preconizado por Jomini.
Mas o autor suíço não ignora completamente os problemas políticos, embora denote, nesta vertente, uma sensibilidade bem diferente da do seu rival prussiano, porque tende a cuidar, sobretudo, dos aspectos que se relacionam directamente com a melhoria do funcionamento da máquina militar. É isso que faz quando sublinha que «a primeira forma de estimular o espírito militar é envolver o exército com toda a consideração pública e social» ou quando, seguindo as pisadas de Maquiavel, declara existirem «suficientes motivos para decidir um príncipe a pôr-se em pessoa à cabeça dos seus exércitos, desde que nele se manifeste uma nítida vocação e a luta seja digna do seu empenho pessoal».[i] Neste último caso, é manifesto que as figuras de Frederico II e de Napoleão, reunindo na mesma pessoa o chefe político e o comandante-chefe, lhe parecem o paradigma da liderança da guerra.
A polémica em torno dos dois famosos autores não resulta, exclusivamente, do esgrimir de ideias entre os que se dedicaram a estudar e discutir as suas obras. Enquanto vivos, ambos comentaram o que o outro havia escrito, mais Jomini sobre Clausewitz do que Clausewitz sobre Jomini, o que se compreende, atendendo a que o suíço sobreviveu 38 anos ao prussiano. Vejamos, então, alguns trechos dessa mútua apreciação, sublinhando as diferenças que importa identificar no pensamento dos dois autores.
Falecido em 1831, Clausewitz não pôde, naturalmente, ler nem comentar o Compêndio da Arte da Guerra, mas nem por isso deixou de referir-se aos escritos que, muito antes da sua morte, Jomini dera à estampa. Desde logo, foi patente que existiam algumas discordâncias de tomo entre as abordagens que um e outro faziam à questão da teorização da Arte da Guerra. Em 1808, num dos seus primeiros escritos, o autor prussiano fazia um comentário ao Traité de grande tactique, de Jomini, no qual, embora reconhecendo que as suas ideias eram mais sólidas do que as de Büllow, não deixa de referir que «para avaliar as suas abstracções pelo justo valor, interroguemo-nos, em consciência, se estamos dispostos a dar a totalidade da prática de Frederico II, enquanto chefe de guerra, em troca de algumas proposições gerais tão fáceis de enunciar. [...] Não creio que Jomini tenha afirmado o que quer que seja que possamos designar de propriamente falso, mas fez muitas vezes passar por essencial o que não é senão acidental»[ii].
Mais tarde, em Da Guerra (Livro II – cap. II), Clausewitz volta a divergir do autor suíço, expressando-se do seguinte modo:
«Sendo a superioridade numérica uma condição material, foi escolhida, dentre todos os factores necessários para a obtenção da vitória, porque podia ser regulado por leis matemáticas através de combinações de tempo e espaço. Pensaram que era possível deixar de parte as demais circunstâncias, partindo do princípio de que eram iguais em ambos os lados, neutralizando-se mutuamente. Este cálculo teria sido aceitável se tivesse sido feito com a finalidade de obter um conhecimento preliminar sobre este factor, de acordo com as suas relações; mas estabelecer para sempre a superioridade numérica como única lei e ver todo o segredo da arte da guerra na fórmula – no momento certo e no ponto certo empregar um potencial superior – é uma restrição que não resiste à força da realidade.»
Sendo perceptível a prudência desta crítica, parece evidente que Clausewitz fez uma interpretação muito restrita da ideia de massa ou potencial superior, porque se entendermos estes conceitos na fórmula moderna do cálculo do potencial de combate, vamos ter em conta muito mais factores do que a simples contagem dos efectivos em pessoal. Não é por acaso que, passados quase duzentos anos, a maior parte dos exércitos contemporâneos continua a inscrever nos seus Regulamentos de Operações os tradicionais Princípios da Guerra, dentre os quais se destaca o Princípio da Massa, que, logo no seu início, estabelece o seguinte:
«A fim de alcançar o sucesso, deve empregar-se um potencial de combate superior ao do inimigo no local e no momento decisivo.»[iii]
Parafraseando o próprio Clausewitz, fica assim demonstrado que, se restrição é, resistiu muito bem «à força da realidade».
Com o desaparecimento de Clausewitz, Jomini ficou sozinho neste debate, restando Da Guerra como testamento final do grande autor prussiano. Sendo um homem de carácter combativo, sempre disponível para uma boa polémica, Jomini não viu motivos para poupar o falecido rival à discussão que a sua famosa obra lhe sugeria. No Prefácio deste Compêndio, deixa esta apreciação mordaz, sem direito a réplica:
«Este conjunto de obras fez grande sensação na Alemanha. Pela minha parte, lamento que as tenha escrito antes que o autor tenha tido a possibilidade de conhecer o meu Compêndio da Arte da Guerra, pois estou persuadido de que lhe teria prestado alguma justiça.
»Não poderemos contestar a grande instrução do general Clausewitz e a sua pena fácil. Mas esta pena, por vezes algo vagabunda, é sobretudo demasiado pretensiosa para uma discussão didáctica, na qual a simplicidade e a clareza devem constituir o primeiro mérito. Além disso, o autor mostra-se demasiado céptico relativamente à ciência militar. O seu primeiro volume não é mais do que uma declamação contra toda a teoria da guerra, enquanto que os dois volumes seguintes, cheios de máximas teóricas, demonstram que o autor acredita na eficácia das suas doutrinas, embora não o faça relativamente às dos outros.
»Por mim, confesso, não fui capaz de encontrar neste sábio labirinto senão um pequeno número de ideias luminosas e de artigos notáveis. E, longe de ter partilhado do cepticismo do autor, nenhuma obra teria contribuído mais do que a sua para me fazer sentir a necessidade e a utilidade das boas teorias, se alguma vez tivesse pensado de modo contrário. Importa, apenas, alcançar um bom entendimento acerca dos limites que lhes devemos estabelecer para não cair num pedantismo pior do que a ignorância. Sobretudo, é preciso compreender bem a diferença que existe entre uma teoria de princípios e uma teoria de sistemas.»
Como juízo global, este comentário já era bastante severo para com Clausewitz, mas não ficaria por aqui esta espécie de ajuste de contas. Mais adiante, ainda nesta obra, Jomini é até mais cortante, acusando-o mesmo de plagiar algumas das suas obras:
«As obras de Clausewitz foram incontestavelmente úteis, ainda que, muitas vezes, isso se deva menos às ideias do autor do que às ideias opostas que faz nascer. Teriam sido ainda mais úteis se não fosse o facto do seu estilo pretensioso as tornar, frequentemente, ininteligíveis. Mas se como autor didáctico levantou mais dúvidas do que desvendou verdades, como historiador crítico foi um imitador pouco escrupuloso. As pessoas que leram a minha Campagne de 1789, publicada dez anos antes da sua, não contestarão o que acabo de afirmar, pois não houve uma só das minhas reflexões que ele não tenha repetido.»
Mais à frente, lança para o debate a sua maior experiência de campanha, afirmando em tom algo inflamado e intencionalmente contundente:
«Se o Sr. general de Clausewitz tivesse estado tantas vezes como eu em situação de levantar estes problemas e de os ver solucionados, não teria duvidado da eficácia das teorias de guerra baseadas nos princípios, porque só essas teorias poderão servir de guia para semelhantes soluções. Os seus três volumes sobre a guerra provam, claramente, que, numa situação idêntica àquela em que se encontrava o duque de Brunswick, em 1806, também ele estaria tão embaraçado, como o comandante prussiano, sobre qual a decisão que deveria tomar. A irresolução parece ser o apanágio dos espíritos que de tudo duvidam.»
Depois da 1.ª Guerra Mundial, o notável especialista de assuntos militares que foi B. H. Liddell Hart não teve dúvidas em atribuir a Clausewitz, não a Jomini, grande parte das culpas da carnificina ocorrida, na Frente Ocidental, entre 1914 e 1918. Liddell Hart atribuía ao general prussiano a obsessão da Grande Batalha e do choque directo de exércitos. O célebre autor britânico não deixou de referir a importância de regressar ao combate em que a vitória deveria ser fruto da mobilidade, da audácia e da habilidade, privilegiando, naturalmente, uma estratégia indirecta.
DAVID MARTELO, Estudo Introdutório, In, ANTOINE HENRI JOMINI, Compêndio da Arte da Guerra, Edições Sílabo, Lda.
[i] Maquiavel defendeu a seguinte tese: É dever de um príncipe, por conseguinte, não ter outro objectivo nem outra preocupação nem ocupar-se do que quer que se situe fora do âmbito da guerra e da sua preparação e conduta, porque ela é a única arte destinada aos que lideram. (O Príncipe, Cap. XIV)
[ii] Carl von Clausewitz, De la révolution à la restauration. Escritos e cartas – escolha de textos traduzidos do alemão e apresentados por Marie-Louise Steinhauser, Paris, Gallimard, 1976, pp. 55-56. [Conforme citação de Bruno Colson, Présentation, in Antoine Henri Jomini Précis de l’Art de la Guerre, Éditions Perrin, Paris, 2001, p. 26]
[iii] RC 130-1 Operações, Volume I, Estado-Maior do Exército, Lisboa, 1987, p. 3-2.